- Então, my friend, vais ser campeão ou ainda tens dúvidas?
- Borrava a minha cara com merda se tal não acontecesse [risos]
- O Capitán não gosta de festas antecipadas…
- No desporto como na vida, o Capitán é um pessimista. Espera sempre o pior. Talvez a sua filosofia não esteja errada. Se acontecer um “azar”, o choque não será tão grande. Por outro lado, estando sempre à espera do pior, é provável que não se divirta muito entre um azar e outro.
- Porque que lhe querias dar 5.5 no último jogo?
- Essa situação foi empolada [risos]. Não disse que queria dar 5,5. Apenas referi e a propósito do Mingues que se houvesse décimas nas notas, haveria jogos em que ele teria 7,5 e os “outros” 7. Depois em tom de brincadeira disse que naquele jogo o Naldo manteria o 6 e o Nuno baixaria para 5,5.
- Arrependeste-te?
- A questão não pode ser colocada dessa forma. Não me arrependo de dizer aquilo que acho e que sinto. Por outro lado sei que se o Nuno “não dá mais” em determinados jogos é porque manifestamente não consegue. Sei muito bem o que é jogar com dores, sem querer estar a comparar as dores de uns com as de outros naturalmente, e cada um sabe da sua cruz. Mas tenho a perfeita noção do que é querer fazer uma coisa e o corpo não deixar.
Nessa perspectiva, assumo que há alturas em que eu, e outros, devíamos pensar duas vezes antes de dizer coisas que vão ferir um companheiro, não por serem mentiras ou por serem ditas com a intenção de magoar, mas porque vão mexer em feridas abertas.
Sei que uma palavra pode derrubar-te mais facilmente que um corte por trás. Quem foi aos jogos recentes à segunda pode encontrar aqui um paralelo com algumas das minhas declarações nesses jogos.
- No final do Torneio, a braçadeira regressa ao Capitán?
- De quem nunca devia ter saído, mas o Nuno tem destas coisas. Encaro isso como uma homenagem que me quis fazer, mas não era necessário. Cada um tem o seu papel dentro do clube e não será a braçadeira a mudar isso. Independentemente disso é sempre uma honra e motivo de orgulho capitanear a equipa. Sábado já será a 30ª vez.
- Este Torneio, por ser em tua homenagem, era mesmo especial para ti?
- É especial para todos mas em particular para mim até porque agora com o nome nas costas, o pessoal fica mesmo a saber de quem se trata.
Não sei bem o que dizer sobre isso. Várias vezes falamos sobre o facto do Júlio gostar muito de nós e em particular de mim. Falamos algumas vezes entre nós sobre a possibilidade de o Júlio fazer um torneio homenagem ao Bayern e então brincávamos com a hipótese ainda mais extrema de ser uma “homenagem a António Silva”. O certo é que isso aconteceu mesmo, estando o meu nome incluído na designação mais lata do torneio: - homenagem a “Toni – Baiern Monchique”.
Erros tipográficos à parte [risada] não tenho dúvidas que todos estamos de parabéns por esta homenagem, toda a equipa tem mérito e o torneio só tem o meu nome por ser, neste caso, a face visível do clube.
- Individualmente, admites que tem sido um dos torneios onde tens atingido um nível elevado?
- Essencialmente tenho sido muito regular, sem nunca ter atingido um nível muito alto. Mas mesmo isso só tem acontecido ao sábado porque ao domingo estou a ter uma participação miserável.
Estou a lutar para o “bávaro de prata” ou bronze mas noto que ainda estou fisicamente muito longe do que fui noutros tempos. Não sei se algum dia voltarei a esse nível, a idade não anda para trás, mas ainda me sinto útil à equipa.
- E parece que fazes 100 jogos… Que há a dizer sobre isto?
- Isso é muito bom! Muitas vezes se diz “hey já fiz tal coisa para aí 100 vezes” e normalmente é um exagero mas neste caso não. Está contabilizado e são mesmo 100. Num clube com apenas 3 anos de história é uma marca…
histórica!
- Melhor e pior momento nesses 100 jogos. Consegues eleger?
- Não é fácil! Penso que um dos melhores momentos foi ganhar a Taça Fair Play na primeira vez que entramos num torneio do Júlio. Foi o nosso primeiro troféu e uma grande emoção.
Também houve um jogo contra o Charutas e que foi um teste importante pois era o primeiro jogo que tu faltavas por lesão. Ganhamos 2-1 com 2 golos meus e grande exibição.
Depois no outro lado da balança houve o 10º torneio do CAC, o segundo em que entramos lá. O primeiro tinha corrido espectacularmente bem mas o segundo foi muito mau, a vários níveis. Tu [Arnaldo] não estavas, tinhas acabado de te lesionar. Pessoalmente a motivação para jogar não era grande, mas isso até se ultrapassa quando se está lá dentro. O pior é que houve várias falhas a nível directivo e no meu caso particular senti que o Tozé nesse torneio não tinha confiança em mim e como tal acabei por jogar pouco.
- O Bayern é o teu “escape” ou a Playstation também ajuda?
- Para alguém, como eu, que sofre um grande desgaste psicológico no trabalho, o facto de haver um ou mais hobbys é um escape natural. Os dois acabam por ser importantes. O Bayern então é importantíssimo. Sei que gasto muitas horas a “pensar Bayern” e a minha esposa não gos
ta muito disso, mas é algo que me faz falta. É essencial para a minha sanidade mental!
A Playstation é algo a que eu reservo muito menos tempo mas também é algo que me entusiasma bastante, ainda mais agora que estou a participar num campeonato de Pró Evolution Soccer entre amigos. É muito à frente!
Mas nem só de bola vive o homem. Também adoro passar um domingo deitado no sofá com a minha sereia a ver uma boa série no DVD.
- Que percentagem atribuis de importância a cada uma delas na tua vida?
- Isso é difícil quantificar. Como diz o Mourinho o importante é a família e nesse aspecto sou feliz. Se esse capítulo da tua vida não estiver bem, tudo o resto perde peso e importância.
- Ainda sobre o Torneio, a organização merece-te algum reparo?
- A organização dos torneios do Júlio são sempre alvo de reparos mas o que é certo é que o torneio do My Indoor, com uma estrutura ainda maior que a do Júlio, acaba por cair em erros e situações ainda piores. De resto também já estamos habituados a esta organização e não é por aí que vamos deixar de participar. O maior reparo que faço é que equipas com problemas disciplinares não podem continuar a entrar, sob pena de se perderem as equipas de gente séria. Uma coisa que melhorava na organização seria a criação de um blog com notícias do torneio, mas isso já não é para a idade do Júlio.
- É muito provável que a equipa alcance, para além do título, o troféu de guarda-redes menos batido e melhor marcador da prova. O Sá e Pedro justificam os troféus?
- Sem querer entrar num discurso politicamente correcto, nunca podemos esquecer que este tipo de prémios são o culminar do trabalho de toda uma equipa, mas sim, claro que sim, os dois merecem a distinção.
- Olha, e a ideia de colocar o Arnaldo a orientar a equipa. Ele é melhor jogador que treinador ou, neste momento, nem sabes responder à pergunta?
- O Arnaldo é bom em tudo aquilo que estiver motivado para fazer. Neste caso porém a motivação dele e a própria vontade dos colegas é que ele jogue connosco lá dentro, por isso no próximo torneio voltamos a ter um problema chamado mister.
- Não achas que chegou a vez do Capitán também assumir a condição de técnico?
- O Capi não tem perfil para técnico. Já várias vezes o incentivei mas ele não quis. Não gosta daquilo. Quer é jogar! No fundo não gosta é da responsabilidade de ter de deixar alguém no banco.
- Já tens o champanhe no saco? Em caso afirmativo, de que marca é? O pessoal não quer do LIDL…
- O pessoal que se foda! Quem quiser melhor que compre! Agora a sério, não está no saco mas sim no frigorífico. Penso que é Raposeira e é doce. A ocasião merece.
- Também tens sido regular no que diz respeito à matéria de golos. Quase um por jogo… algum segredo ou algo que aconteceu com naturalidade?
- Sempre gostei de marcar golos embora não marque muitos por ter preocupações defensivas.
- Uma palavra para as Sereias. Agora, até tens mais uma em casa…
- As Sereias são um assunto delicado. Por um lado é bom tê-las a apoiar mas por outro lado preocupa-me tê-las ali sozinhas na bancada. Já não é a primeira vez que o calor do jogo passa as fronteiras do campo e “vai-se meter” com quem está na bancada. Já assistimos a isso no My Indoor por exemplo em que a nossa claque estava a trocar bitaites com a claque adversária.
A minha pequena s
ereia então é que não me agrada nada vê-la na bancada. É muito pequena e frágil para estar ali e acaba por me tirar a concentração do jogo.
- E as palhaçadas no balneário? Metem-te nojo ou achas que contribuem para uma certa mística do clube?
- Não, não me metem nojo, somente não me identifico com elas. Eu contribuo de outra forma para a mística.
- Mas há mesmo mística?
- Eu penso que sim mas… no fundo o que é a mística?
A mística é por exemplo acordar de manhã doentiamente cedo e ir ver os colegas a jogar, apesar de não estar convocado para esse jogo.
- Não gostas do equipamento vermelho? Como vias, um regresso às origens?
- Não sou grande fã! O vermelho é aquela cor “mete nojo” que se empregue em grandes quantidades dificilmente é suportável. O nosso vermelho até nem é dos piores mas é vermelho. Como equipamento alternativo era engraçado mas para jogar todas as semanas não vou muito à bola com isso. Também não gosto do material dos calções, além de que ficaria bem melhor se fosse todo em preto.
O nosso próximo equipamento tem de voltar a ser preto, com o amarelo a dar o toque de classe, ou então experimentar o amarelo com o preto a adornar.
- Tens medo do manuseamento do chicote?
- Tou a ver que vai começar a descambar. É agora que começa a parte “levezinha” da entrevista…
Não tenho medo das famosas chicotadas de pilau, simplesmente não me atraem [risos].
- Até quando pensas que vais jogar à bola?
- Não sei, não ponho limites. Há uns anitos atrás costumava pensar “que caralho, tou quase com 30 anos. Qualquer dia deixo de jogar a bola”. Agora tou quase com 32 e penso que qualquer dia tenho 35 anos. É uma inevitabilidade da vida. Não vale a pena pensar muito nisso. Hei de jogar enquanto tiver força e me sentir útil. Quando isso acabar continuarei pelo menos a jogar às segundas se ainda me der prazer.
- Eras capaz de fazer uma perninha pelo ARSQS? O Carlos parece que tem feito alguma pressão…
- Não teria problemas em fazê-lo mas acho que esse cenário está mais na tua cabeça que na dele. Às vezes é preciso mudar para recuperar alguns pequenos prazeres mas não é algo em que esteja a pensar, até porque não estou cansado do Bayern.
- Quem é o melhor jogador do Bayern?
- Aceito falar sobre isso porque no actual plantel há dois jogadores que se destacam, o Norberto e o Pedro. O Norberto é, provavelmente, o melhor jogador com quem já tivemos o prazer de jogar e ao Pedro falta-lhe a maturidade do irmão, mas também é mais novo, há de chegar lá.
- E o pior?
- É melhor não entrar por aí, até porque privilegio sempre os “homens” em detrimento dos “jogadores”.
- E o que mais admiras?
- Os que mais admiro tem mais a ver com a personalidade do que com a qualidade futebolística. São contas de outro rosário…
- O mais bem vestido?
- Não há ninguém que se destaque. Estou habituado a ver a malta de fato treino ou à vontade.
- O mais mal vestido?
- Idem aspas.
- Qual o maior “flop” da história do Bayern?
- Estamos num clima de celebração. É chato estar a abordar esse tema.
- E o melhor treinador?
- Considero que o Tozé foi o que mais nos ensinou e fez evoluir.
- O que estavas a fazer antes desta entrevista e o que vais fazer a seguir?
- Comecei a responder ontem. Interrompi para me deitar. Continuei hoje na hora do almoço enquanto estava no trabalho e estou agora a acabar às 20 horas. A seguir vou comer!
- Já retomaste a actividade sexual?
- Não, mas deve estar para breve.
- Pensas no Bayern quantas horas por dia? Aonde preferencialmente?
- É difícil quantificar mas se calhar não passo uma hora do dia sem pensar no Bayern. Sou gajo para abrir o blog 10 vezes por dia para ver se há novidades. O local é indiferente.
- Quantos comentários vai ter esta entrevista?
- Depende de quando sair a crónica do próximo jogo, mas é capaz de ter bastantes. Para aí uns 20.
- Quem faz o primeiro comentário?
- Provavelmente tu depois de a publicares e és capaz de fazer logo 2 ou 3 seguidos.
- Com quem gostas mais de falar ao telemóvel?
- És um palhaço!
- És um homem realizado?
- Sim, embora a realização pessoal seja um pouco como a felicidade que é feita de momentos. Agora estás bem, daqui por uma hora já te falta qualquer coisa, mas a partir do momento em que tens a tua casa, a tua vida organizada, uma família que amas e uns amigos como eu tenho, já não te falta assim muito.
DESTAQUES
“Sei que uma palavra pode derrubar-te mais facilmente que um corte por trás”
“Toda a equipa tem mérito e o torneio só tem o meu nome por ser, neste caso, a face visível do clube”
“Estou a lutar para o bávaro de prata ou bronze”
“Um dos melhores momentos foi ganhar a Taça Fair Play na primeira vez que entramos num torneio do Júlio”
“Sei que gasto muitas horas a “pensar Bayern” (…) mas é algo essencial para a minha sanidade mental!”
“Mística é acordar de manhã doentiamente cedo e ir ver os colegas a jogar, apesar de não estar convocado”
“Próximo equipamento tem de voltar a ser preto, com o amarelo a dar o toque de classe”
“Hei de jogar enquanto tiver força e me sentir útil”
“Fazer uma perninha pelo ARSQS? Não teria problemas em fazê-lo (…) às vezes é preciso mudar para recuperar alguns pequenos prazeres, mas não é algo em que esteja a pensar”
“O Norberto é, provavelmente, o melhor jogador com quem já tivemos o prazer de jogar”
“Tozé foi o que mais nos ensinou e nos fez evoluir”
“Retomo brevemente a actividade sexual”