Sorte boa, sorte má, alguma cobardia e um sonho desfeito
Tudo são pontos de vista
Existem várias formas de se abordar a história deste jogo. Pode-se falar na sorte e no azar, pode-se optar por culpar a arbitragem, pode-se centrar a análise nos remates ao poste e até se pode falar no livre que não entrou no último segundo. O certo é que nenhum destes pontos de vista resiste sozinho ao teste da realidade, mas todos juntos ajudam a explicar o desfecho desta autentica final antecipada.

Torneio Homenagem a Jorge Saraiva (3ª jornada)
17 de Junho de 2006, 9,50 horas
Bayern Monchique, 2
Restaurante Barriga, 3
Jogo na Escola Sec. Francisco Torrinha
Árbitros: Tózé Ribeiro e Joaquim Neves
Bayern M. – Paulo; Pedro (1), Norberto (1 p.b.) e Arnaldo [Cap.] (1); Domingues.
Jogou ainda: Greg.
Suplente não utilizado: Nuno.
TR: Tony Silva
Disciplina: Domingues (amarelo por palavras); Pedro (amarelo por falta); Norberto (amarelo por falta e segundo amarelo por protestos excessivos).
Rest. Barriga – Guila; Tavares (1), Ringo [Cap.] e Caetano; Ricardo.
Jogaram ainda: Vítor (1) e Candal.
TR: Zé Pedro Paixão.
Disciplina: Caetano (amarelo por mão na bola); Vítor (amarelo por agarrão).
O treinador foi também “convidado” a sair do banco, mas permaneceu na zona de entrada no recinto, continuando dali a “debitar postas de pescada”.
Ao intervalo: 1-1
Marcha do marcador: 1-0; 1-1; 2-1; 2-3.
É destes jogos que a malta gosta. Duas equipas bem estruturadas, uma forte rivalidade e um resultado discutido taco a taco com incerteza no resultado até ao final. Infelizmente o resultado, que é o mais importante, é que já não é do agrado bávaro. São jogos…
A vitória pendeu sempre para o lado de Monchique mas nos dois minutos finais foi mesmo cair no lado contrário. Caiu a vitória na Afurada e caíram (ao chão) os atletas do Bayern quando sofreram o golo do empate a dois minutos do fim. Mal sabiam ainda que a situação iria piorar mais, mas já nessa altura o empate foi penalizador para uma exibição tão boa e consistente.
É uma história feita de “ses” mas já lá vamos.
As duas equipas entraram bem na partida. O Bayern confiante mas cauteloso, sem Pascoal e com a novidade de ter Nuno no banco. O Restaurante Barriga apresentou-se na máxima força, com todos os seus melhores jogadores e mais alguns, aparentando também uma grande dose de confiança mas esta porém, alicerçada numa certa arrogância de quem tem nas suas fileiras atletas experientes do futebol de 11, que jogam em clubes como o Padroense, o Canidelo e o Candal...
O domínio da bola foi repartido mas com o Bayern a causar mais perigo. O primeiro lance que fez saltar os bancos saiu dos pés de Pedro aos cinco minutos, que fintou dois mas chegou á altura do remate já sem o discernimento necessário, tendo a bola saído enrolada.
Dois minutos depois porém, o mesmo Pedro abriu o activo em jogada em tudo idêntica á primeira.
O jogo começou a enrijecer e Caetano levou um amarelo por dar mão na bola. Logo a seguir, a passe de Mingues Arnaldo bem posicionado rematou ao lado.
Também Domingues viu pouco depois um amarelo, este por palavras menos próprias no entender de Joaquim Neves.
A seis minutos do fim apareceu o empate num lance de infortúnio bávaro com Norberto a marcar na própria. Tony apercebera-se da pressão que os seus jogadores sentiam, mas o minuto de desconto já só chegou após o golo…
Na segunda parte o marcador alterou-se relativamente cedo com Arnaldo a dar o melhor fim á mais bela jogada do encontro.
Primeiro Pedro e depois Vítor viram o segundo amarelo de cada uma das equipas, numa altura em que já era evidente a forte pressão a que a equipa de arbitragem estava sujeita. Esta acobardava-se perante o agigantar do treinador e jogadores da Afurada e tentava gerir a situação com paninhos quentes.
O Bayern ganhava e procurava controlar o resultado vantajoso mas o Restaurante Barriga carregava sobre os bávaros e começou a usar o redes para criar vantagem numérica.
Paulo era nesta altura um gigante na baliza bávara e só não defendia as bolas que saíam ao lado ou que… embatiam no poste. Foi assim aos catorze minutos, quando Vítor Amorim, jogador de passada larga e remate fácil, atirou pela segunda vez com estrondo ao poste. A sorte protegia o campeão mas acabaria por se virar contra este…
Já depois de também ter visto um amarelo, Norberto quase conseguiu num corte cheio de intencionalidade marcar o golo da tranquilidade. A bola atravessou quase todo o campo e foi embater no poste na baliza contrária, sempre perseguida por Pedro que no entanto foi surpreendido pelo ressalto no poste, não conseguindo emendar. Azar para os bávaros e sorte para os homens da Afurada que depois de sobreviverem a este sobressalto voltaram a ver a sorte sorrir-lhes num lance confuso na área bávara. Vítor fez o empate e destruiu a força anímica dos bávaros que sentiram de sobremaneira o golo.
O empate era provavelmente o resultado mais justo para estes trinta e oito minutos de jogo mas… não estava escrito assim. O golpe de teatro estava guardado para o final. Nada a ver com a sorte ou o azar desta vez. Antes uma má decisão do “Abominável Homem das Neves”, claramente de regresso ás velhas decisões aberrantes, (quase) sempre contra os bávaros. Depois de um jogo inteiro de decisões duvidosas da parte da equipa de arbitragem, a cereja em cima do bolo foi uma falta de Ricardo sobre Domingues, que permitiu ao jogador rodar para a baliza e fazer o golo da vitória. Para piorar e como se já não bastasse haver apenas um escasso minuto para tentar novo empate, o Bayern viu-se em inferioridade numérica pois a injustiça do golo após falta fora demasiada para um jogador federado como Norberto - habituado (ou não!) a arbitragens mais neutras – aguentar. Neves mostrou-lhe o segundo amarelo e foi já com apenas três elementos de campo que se deu o derradeiro pontapé de saída.
Imediatamente os bávaros procuraram explorar a unica alternativa que tinham: -arrancar uma falta que lhes daria o primeiro livre de 10 metros e conseguiu-o por Pedro.
O sururú foi grande e quando Pedro partiu para a marcação já Júlio Garganta segurava nos lábios o apito, quiçá receoso do que um novo empate poderia originar. Pedro rematou forte e colocado mas Guila conseguiu defender para a frente. De imediato Pedro tentou a recarga, ouvindo pelo caminho o desesperado apito final, mas voltou a falhar, com mérito para o reguila redes da Afurada.
Acabou assim o jogo de forma caricata e este cronista nem quer sequer imaginar o que poderia ter acontecido se a recarga de Pedro tivesse entrado na baliza. Uma situação delicada a pensar pela organização… [n.d.r. – mas que organização?!?]
O resultado é injusto para o Bayern?
Sem duvida que sim, mas porque é que aconteceu? Terão sido os árbitros, a má sorte ou a qualidade dos conjuntos?
Enfim… são tudo pontos de vista. O estimado leitor e adepto só tem de escolher o seu…
E agora?
A derrota do Bayern deixa a equipa campeã praticamente sem esperanças de renovar o título. Pese embora faltem ainda quatro jornadas para o final da competição, não é crível que o Restaurante Barriga perca algum ponto, tendo em conta os adversários que ainda tem para defrontar.
O Bayern Monchique vê-se agora numa situação de reajuste de objectivos. O primeiro lugar é agora pouco mais que uma miragem mas o clube tem ainda um prestigio e uma imagem a defender e outros troféus a conquistar neste torneio. Arnaldo por exemplo é nesta altura o melhor marcador da prova com 5 golos marcados.
O troféu Fair Play é que mais vale riscar já da agenda.
Uma nota de tristeza a terminar
Gil, guarda-redes da Adira lesionou-se na terceira partida do dia, quando protagonizava uma excelente exibição e a sua equipa vencia por 1-0 [n.d.r. – 2-0 no final]. Segundo informações clínicas terá partido o pé em três pontos distintos. O nosso pensamento e solidariedade está com ele.
O Filme dos Golos ao minuto
7m 1-0 Pedro recebe na meia esquerda de Norberto, finta um, puxa para o centro e remata com a bola a entrar rasando a trave.
14m 1-1 Paulo Tavares entra na área pela esquerda e faz o passe de morte para o meio da área. Norberto que acompanhava o lance introduz a bola na sua própria baliza quando tentava o corte.
3m 2-1 A melhor jogada do encontro. Um contra ataque puro e executado de forma perfeita. Arnaldo recuperou a bola, entregou a Pedro que endossou ao seu irmão. Norberto então na direita assistiu Arnaldo no poste mais distante.
18m 2-2 Golo de sorte. Bola a ressaltar na área e Vítor Amorim a marcar.
19m 2-3 O balde de água… gelada. Ricardo recebe na posição de pivot com Domingues na marcação. O jogador roda para a baliza tirando partido de um braço no pescoço de Domingues que o árbitro não sancionou e fez o golo, com a bola a entrar junto ao poste.
Os homens do Bayern
Apesar da derrota, os jogadores bávaros exibiram-se em bom plano.
Paulo (7) A melhor exibição de Paulo neste terceiro jogo pelos bávaros. Infelizmente esta sua exibição coincidiu com o pior resultado da equipa.
Norberto (8) O melhor em campo! Não só do Bayern mas de todos os jogadores presentes. Trabalhou muito, pautou o ritmo, cortou lances de perigo, espalhou ele próprio o perigo no meio campo contrário e foi mesmo ele que assistiu em ambos os golos bávaros.
No final, o segundo amarelo e consequente expulsão perdoa-se por tudo o que fez durante a partida e pelo clima de grande tensão que viveu.
Pedro (7) Marcou o primeiro com uma bela finta seguida de remate. Também trabalhou muito á semelhança do irmão mas falhou em alguns “julgamentos”. Optou sempre pelo remate mesmo apesar de em duas ou três ocasiões, já sem o fulgor necessário, ter ignorado um colega bem posicionado ao lado.
No final teve nos pés a derradeira oportunidade de livre a castigar uma falta que ele próprio tinha “conquistado”. Não foi feliz!
Arnaldo (7) Uma exibição inteligente, poupando-se nalguns momentos “mortos” da partida e empregando-se a fundo quando era mesmo necessário. Marcou o golo da praxe e segue isolado no topo da lista dos melhores marcadores com 5 golos.
Domingues (7) Continua a exibir-se de forma algo modesta e a adiar a tão esperada “explosão”. De todos os bávaros pareceu o mais fatigado mas deu sempre o litro.
Greg (7) Tony deu-lhe um voto de confiança e ele respondeu de forma positiva. Pena foi que não teve oportunidade de testar o poderoso remate e quando no fim pediu para marcar o livre de 10 metros, foi o mister que lhe retirou o tapete. Provavelmente por não estar “quente”…
Enviado Especial: Tino Vilas