Dois «Monstros» e um enorme Pedro

Os homens do Bayern

Rocha (8): Parece adaptado à equipa dentro e fora das quatro linhas. Confiante, humilde, motivado, seguro, oferece enorme tranquilidade aos companheiros e coloca a experiência em prol dos objectivos do grupo. Duas defesas para canto, de elevado grau de dificuldade, quatro à segunda, e sempre rápido a lançar o contra-ataque. Para fechar em beleza, merecia o golo que por muito pouco não conseguiu. Ficou-se pela assistência para o último golo da partida.

Litos (8): Um «Monstro do Viso», partindo da posição recuada mas com profundidade de jogo para todo o terreno, de área a área, irascível no roubo de bola e nos festejos do golo, cortando e construindo. Dono de pulmão praticamente inesgotável, foi poupado por Tozé já no ocaso da partida, após mais um pique que por pouco não deu em golo. Mingues isolou-o e o número 6 acertou no poste. Merecia golo.

Norberto (8): Outro «Monstro» tecnicamente adocicado. Em cada jogo que passa confirma o epíteto de melhor contratação da história do Bayern. Quando baixa a cabeça e protege a bola, num movimento invulgar e muito particular, é melhor saírem da frente. Joga e faz jogar, sempre com uma aterradora coordenação de movimentos. Há Bayern com Norberto. E Bayern sem Norberto. E ainda bem que a equipa pode contar com ele. Ficou novamente em branco, mas fez o mais importante, segurando as pontas e assumindo-se como o coração da equipa. Viu o amarelo quando a equipa precisou, mas foi inteligente e depois não correu riscos.

Pedro (9): Um jogador de cortar a respiração. Tem nos olhos estampado o talento e a fibra que faz os grandes craques, capaz de, sozinho, transformar um simples jogo num imenso vulcão em erupção. Rápido, agressivo, destemido, dotado tecnicamente e com espírito lutador, lembra o argentino Cannigia. O mesmo arranque, o mesmo drible, e uma pequena dose de loucura indispensável aos grandes génios. Não é um produto acabado, mas promete. Joga por diversão e fica com azia quando perde a bola ou sofre uma falta mais dura. Também viu o amarelo, após um cacete que derrubou de forma aparatosa um adversário. Hat-trick e 50% do terceiro golo. Decisivo. Que querem mais?

Nokas (8): Exemplo flagrante de uma metamorfose do futebol de onze para o futsal. De um jogador sólido, robusto, na pele de «trinco-doberman», transformou-se num pivot oportuno, sempre à espera de uma brecha para encostar ou rematar à boca da baliza. Fez mais dois golos, um com a coxa e outro do meio-campo ao aproveitar uma perda de bola do adversário e o adiantamento do guarda-redes, e ainda evitou sobre a linha que o adversário marcasse. É dos que mais tem beneficiado da dinâmica da equipa, mas tem o mérito de saber estar no sítio certo à hora certa. Podia ter feito o terceiro, após brilhante iniciativa de Norberto, mas atirou contra o corpo do guarda-redes. Está com veia.

Pascoal (7): É garantia de qualidade e segurança defensiva. Não corre riscos e joga de cabeça levantada, fazendo uso da sua enorme experiência. Dentro do campo, ainda não explodiu, mas no balneário é Rei. Classe no corte e recuperação da bola, foi importante no período em que a equipa sofreu a pressão de jogar 5x4, aguentando o ímpeto dos adversários e revelando excelente posicionamento e leitura de jogo. Com o resultado favorável à equipa, privilegiou sempre o aspecto defensivo em detrimento do ataque. E fê-lo sempre bem.


Mingues (7): Agastado por um dia intenso de trabalho, com meia sande no estômago, o incansável bávaro quando foi chamado deu novamente o que tinha e o que não tinha. Não entrou ao nível a que nos habituou, mas cresceu na segunda parte e soube segurar com serenidade e experiência a posse de bola, entregando depois o esférico sempre jogável aos seus companheiros. Combinou com Litos e isolou o número 6, numa das jogadas mais bonitas da segunda parte. Não contou como assistência porque a bola rematada por Litos bateu no poste.

Canhão (6): Entrou com a pica toda e esteve perto do golo em duas ocasiões. Na primeira, rematou forte de pé esquerdo mas o guarda-redes efectuou uma bola defesa, cortando a bola para canto. Na segunda, correu praticamente desde o meio-campo e, na cara do número um adversário, acertou-lhe em cheio no corpo. É um excelente companheiro e jogador de grupo que merece os minutos que o mister Tozé Ribeiro lhe tem vindo a dar. Disfarça alguma falta de escola (nunca alinhou num clube federado) com uma entrega e aplicação do tamanho do Mundo. Quando controlar a ansiedade e “limpar a cabeça”, a produção de jogo será, certamente, superior.

Tony (6): Regresso muito saudado à competição. Após quase dois meses de ausência, Tony regressou num jogo de alto nível e cumpriu o que lhe foi pedido. Após tanto tempo inactivo, seria quase desumano pedir-lhe mais. Sempre com grande atitude, fez tudo certinho e não comprometeu. E ainda ofereceu o corpo ao manifesto num remate à queima-roupa. Esteve poucos minutos em campo, mas desempenhou na perfeição o seu papel. O seu regresso é uma excelente notícia para o Bayern. Por tudo que Tony representa para o clube.