sexta-feira, 16 de novembro de 2007

Sorriso de campeão

A poucas horas de completar 100 jogos e festejar a conquista do troféu Homenagem António Silva, o número 11 bávaro assume de peito aberto

"Não tenho medo das famosas chicotadas de pilau"

- Então, my friend, vais ser campeão ou ainda tens dúvidas?
- Borrava a minha cara com merda se tal não acontecesse [risos]

- O Capitán não gosta de festas antecipadas…
- No desporto como na vida, o Capitán é um pessimista. Espera sempre o pior. Talvez a sua filosofia não esteja errada. Se acontecer um “azar”, o choque não será tão grande. Por outro lado, estando sempre à espera do pior, é provável que não se divirta muito entre um azar e outro.

- Porque que lhe querias dar 5.5 no último jogo?
- Essa situação foi empolada [risos]. Não disse que queria dar 5,5. Apenas referi e a propósito do Mingues que se houvesse décimas nas notas, haveria jogos em que ele teria 7,5 e os “outros” 7. Depois em tom de brincadeira disse que naquele jogo o Naldo manteria o 6 e o Nuno baixaria para 5,5.

- Arrependeste-te?
- A questão não pode ser colocada dessa forma. Não me arrependo de dizer aquilo que acho e que sinto. Por outro lado sei que se o Nuno “não dá mais” em determinados jogos é porque manifestamente não consegue. Sei muito bem o que é jogar com dores, sem querer estar a comparar as dores de uns com as de outros naturalmente, e cada um sabe da sua cruz. Mas tenho a perfeita noção do que é querer fazer uma coisa e o corpo não deixar.
Nessa perspectiva, assumo que há alturas em que eu, e outros, devíamos pensar duas vezes antes de dizer coisas que vão ferir um companheiro, não por serem mentiras ou por serem ditas com a intenção de magoar, mas porque vão mexer em feridas abertas.
Sei que uma palavra pode derrubar-te mais facilmente que um corte por trás. Quem foi aos jogos recentes à segunda pode encontrar aqui um paralelo com algumas das minhas declarações nesses jogos.

- No final do Torneio, a braçadeira regressa ao Capitán?
- De quem nunca devia ter saído, mas o Nuno tem destas coisas. Encaro isso como uma homenagem que me quis fazer, mas não era necessário. Cada um tem o seu papel dentro do clube e não será a braçadeira a mudar isso. Independentemente disso é sempre uma honra e motivo de orgulho capitanear a equipa. Sábado já será a 30ª vez.

- Este Torneio, por ser em tua homenagem, era mesmo especial para ti?
- É especial para todos mas em particular para mim até porque agora com o nome nas costas, o pessoal fica mesmo a saber de quem se trata.
Não sei bem o que dizer sobre isso. Várias vezes falamos sobre o facto do Júlio gostar muito de nós e em particular de mim. Falamos algumas vezes entre nós sobre a possibilidade de o Júlio fazer um torneio homenagem ao Bayern e então brincávamos com a hipótese ainda mais extrema de ser uma “homenagem a António Silva”. O certo é que isso aconteceu mesmo, estando o meu nome incluído na designação mais lata do torneio: - homenagem a “Toni – Baiern Monchique”.
Erros tipográficos à parte [risada] não tenho dúvidas que todos estamos de parabéns por esta homenagem, toda a equipa tem mérito e o torneio só tem o meu nome por ser, neste caso, a face visível do clube.

- Individualmente, admites que tem sido um dos torneios onde tens atingido um nível elevado?
- Essencialmente tenho sido muito regular, sem nunca ter atingido um nível muito alto. Mas mesmo isso só tem acontecido ao sábado porque ao domingo estou a ter uma participação miserável.
Estou a lutar para o “bávaro de prata” ou bronze mas noto que ainda estou fisicamente muito longe do que fui noutros tempos. Não sei se algum dia voltarei a esse nível, a idade não anda para trás, mas ainda me sinto útil à equipa.

- E parece que fazes 100 jogos… Que há a dizer sobre isto?
- Isso é muito bom! Muitas vezes se diz “hey já fiz tal coisa para aí 100 vezes” e normalmente é um exagero mas neste caso não. Está contabilizado e são mesmo 100. Num clube com apenas 3 anos de história é uma marca… histórica!

- Melhor e pior momento nesses 100 jogos. Consegues eleger?
- Não é fácil! Penso que um dos melhores momentos foi ganhar a Taça Fair Play na primeira vez que entramos num torneio do Júlio. Foi o nosso primeiro troféu e uma grande emoção.
Também houve um jogo contra o Charutas e que foi um teste importante pois era o primeiro jogo que tu faltavas por lesão. Ganhamos 2-1 com 2 golos meus e grande exibição.
Depois no outro lado da balança houve o 10º torneio do CAC, o segundo em que entramos lá. O primeiro tinha corrido espectacularmente bem mas o segundo foi muito mau, a vários níveis. Tu [Arnaldo] não estavas, tinhas acabado de te lesionar. Pessoalmente a motivação para jogar não era grande, mas isso até se ultrapassa quando se está lá dentro. O pior é que houve várias falhas a nível directivo e no meu caso particular senti que o Tozé nesse torneio não tinha confiança em mim e como tal acabei por jogar pouco.

- O Bayern é o teu “escape” ou a Playstation também ajuda?
- Para alguém, como eu, que sofre um grande desgaste psicológico no trabalho, o facto de haver um ou mais hobbys é um escape natural. Os dois acabam por ser importantes. O Bayern então é importantíssimo. Sei que gasto muitas horas a “pensar Bayern” e a minha esposa não gosta muito disso, mas é algo que me faz falta. É essencial para a minha sanidade mental!
A Playstation é algo a que eu reservo muito menos tempo mas também é algo que me entusiasma bastante, ainda mais agora que estou a participar num campeonato de Pró Evolution Soccer entre amigos. É muito à frente!
Mas nem só de bola vive o homem. Também adoro passar um domingo deitado no sofá com a minha sereia a ver uma boa série no DVD.

- Que percentagem atribuis de importância a cada uma delas na tua vida?
- Isso é difícil quantificar. Como diz o Mourinho o importante é a família e nesse aspecto sou feliz. Se esse capítulo da tua vida não estiver bem, tudo o resto perde peso e importância.

- Ainda sobre o Torneio, a organização merece-te algum reparo?
- A organização dos torneios do Júlio são sempre alvo de reparos mas o que é certo é que o torneio do My Indoor, com uma estrutura ainda maior que a do Júlio, acaba por cair em erros e situações ainda piores. De resto também já estamos habituados a esta organização e não é por aí que vamos deixar de participar. O maior reparo que faço é que equipas com problemas disciplinares não podem continuar a entrar, sob pena de se perderem as equipas de gente séria. Uma coisa que melhorava na organização seria a criação de um blog com notícias do torneio, mas isso já não é para a idade do Júlio.

- É muito provável que a equipa alcance, para além do título, o troféu de guarda-redes menos batido e melhor marcador da prova. O Sá e Pedro justificam os troféus?
- Sem querer entrar num discurso politicamente correcto, nunca podemos esquecer que este tipo de prémios são o culminar do trabalho de toda uma equipa, mas sim, claro que sim, os dois merecem a distinção.

- Olha, e a ideia de colocar o Arnaldo a orientar a equipa. Ele é melhor jogador que treinador ou, neste momento, nem sabes responder à pergunta?
- O Arnaldo é bom em tudo aquilo que estiver motivado para fazer. Neste caso porém a motivação dele e a própria vontade dos colegas é que ele jogue connosco lá dentro, por isso no próximo torneio voltamos a ter um problema chamado mister.

- Não achas que chegou a vez do Capitán também assumir a condição de técnico?
- O Capi não tem perfil para técnico. Já várias vezes o incentivei mas ele não quis. Não gosta daquilo. Quer é jogar! No fundo não gosta é da responsabilidade de ter de deixar alguém no banco.

- Já tens o champanhe no saco? Em caso afirmativo, de que marca é? O pessoal não quer do LIDL…
- O pessoal que se foda! Quem quiser melhor que compre! Agora a sério, não está no saco mas sim no frigorífico. Penso que é Raposeira e é doce. A ocasião merece.

- Também tens sido regular no que diz respeito à matéria de golos. Quase um por jogo… algum segredo ou algo que aconteceu com naturalidade?
- Sempre gostei de marcar golos embora não marque muitos por ter preocupações defensivas.

- Uma palavra para as Sereias. Agora, até tens mais uma em casa…
- As Sereias são um assunto delicado. Por um lado é bom tê-las a apoiar mas por outro lado preocupa-me tê-las ali sozinhas na bancada. Já não é a primeira vez que o calor do jogo passa as fronteiras do campo e “vai-se meter” com quem está na bancada. Já assistimos a isso no My Indoor por exemplo em que a nossa claque estava a trocar bitaites com a claque adversária.
A minha pequena sereia então é que não me agrada nada vê-la na bancada. É muito pequena e frágil para estar ali e acaba por me tirar a concentração do jogo.

- E as palhaçadas no balneário? Metem-te nojo ou achas que contribuem para uma certa mística do clube?
- Não, não me metem nojo, somente não me identifico com elas. Eu contribuo de outra forma para a mística.

- Mas há mesmo mística?
- Eu penso que sim mas… no fundo o que é a mística?
A mística é por exemplo acordar de manhã doentiamente cedo e ir ver os colegas a jogar, apesar de não estar convocado para esse jogo.

- Não gostas do equipamento vermelho? Como vias, um regresso às origens?
- Não sou grande fã! O vermelho é aquela cor “mete nojo” que se empregue em grandes quantidades dificilmente é suportável. O nosso vermelho até nem é dos piores mas é vermelho. Como equipamento alternativo era engraçado mas para jogar todas as semanas não vou muito à bola com isso. Também não gosto do material dos calções, além de que ficaria bem melhor se fosse todo em preto.
O nosso próximo equipamento tem de voltar a ser preto, com o amarelo a dar o toque de classe, ou então experimentar o amarelo com o preto a adornar.

- Tens medo do manuseamento do chicote?
- Tou a ver que vai começar a descambar. É agora que começa a parte “levezinha” da entrevista…
Não tenho medo das famosas chicotadas de pilau, simplesmente não me atraem [risos].

- Até quando pensas que vais jogar à bola?
- Não sei, não ponho limites. Há uns anitos atrás costumava pensar “que caralho, tou quase com 30 anos. Qualquer dia deixo de jogar a bola”. Agora tou quase com 32 e penso que qualquer dia tenho 35 anos. É uma inevitabilidade da vida. Não vale a pena pensar muito nisso. Hei de jogar enquanto tiver força e me sentir útil. Quando isso acabar continuarei pelo menos a jogar às segundas se ainda me der prazer.

- Eras capaz de fazer uma perninha pelo ARSQS? O Carlos parece que tem feito alguma pressão…
- Não teria problemas em fazê-lo mas acho que esse cenário está mais na tua cabeça que na dele. Às vezes é preciso mudar para recuperar alguns pequenos prazeres mas não é algo em que esteja a pensar, até porque não estou cansado do Bayern.

- Quem é o melhor jogador do Bayern?
- Aceito falar sobre isso porque no actual plantel há dois jogadores que se destacam, o Norberto e o Pedro. O Norberto é, provavelmente, o melhor jogador com quem já tivemos o prazer de jogar e ao Pedro falta-lhe a maturidade do irmão, mas também é mais novo, há de chegar lá.

- E o pior?
- É melhor não entrar por aí, até porque privilegio sempre os “homens” em detrimento dos “jogadores”.

- E o que mais admiras?
- Os que mais admiro tem mais a ver com a personalidade do que com a qualidade futebolística. São contas de outro rosário…

- O mais bem vestido?
- Não há ninguém que se destaque. Estou habituado a ver a malta de fato treino ou à vontade.

- O mais mal vestido?
- Idem aspas.

- Qual o maior “flop” da história do Bayern?
- Estamos num clima de celebração. É chato estar a abordar esse tema.

- E o melhor treinador?
- Considero que o Tozé foi o que mais nos ensinou e fez evoluir.

- O que estavas a fazer antes desta entrevista e o que vais fazer a seguir?
- Comecei a responder ontem. Interrompi para me deitar. Continuei hoje na hora do almoço enquanto estava no trabalho e estou agora a acabar às 20 horas. A seguir vou comer!

- Já retomaste a actividade sexual?
- Não, mas deve estar para breve.

- Pensas no Bayern quantas horas por dia? Aonde preferencialmente?
- É difícil quantificar mas se calhar não passo uma hora do dia sem pensar no Bayern. Sou gajo para abrir o blog 10 vezes por dia para ver se há novidades. O local é indiferente.

- Quantos comentários vai ter esta entrevista?
- Depende de quando sair a crónica do próximo jogo, mas é capaz de ter bastantes. Para aí uns 20.

- Quem faz o primeiro comentário?
- Provavelmente tu depois de a publicares e és capaz de fazer logo 2 ou 3 seguidos.

- Com quem gostas mais de falar ao telemóvel?
- És um palhaço!

- És um homem realizado?
- Sim, embora a realização pessoal seja um pouco como a felicidade que é feita de momentos. Agora estás bem, daqui por uma hora já te falta qualquer coisa, mas a partir do momento em que tens a tua casa, a tua vida organizada, uma família que amas e uns amigos como eu tenho, já não te falta assim muito.

DESTAQUES

“Sei que uma palavra pode derrubar-te mais facilmente que um corte por trás”

“Toda a equipa tem mérito e o torneio só tem o meu nome por ser, neste caso, a face visível do clube”

“Estou a lutar para o bávaro de prata ou bronze”

“Um dos melhores momentos foi ganhar a Taça Fair Play na primeira vez que entramos num torneio do Júlio”

“Sei que gasto muitas horas a “pensar Bayern” (…) mas é algo essencial para a minha sanidade mental!”

“Mística é acordar de manhã doentiamente cedo e ir ver os colegas a jogar, apesar de não estar convocado”

“Próximo equipamento tem de voltar a ser preto, com o amarelo a dar o toque de classe”

“Hei de jogar enquanto tiver força e me sentir útil”

“Fazer uma perninha pelo ARSQS? Não teria problemas em fazê-lo (…) às vezes é preciso mudar para recuperar alguns pequenos prazeres, mas não é algo em que esteja a pensar”

“O Norberto é, provavelmente, o melhor jogador com quem já tivemos o prazer de jogar”

“Tozé foi o que mais nos ensinou e nos fez evoluir”

“Retomo brevemente a actividade sexual”


“O pessoal que se foda!”

16 comentários:

Nokinhas disse...

Amo-te, my friend :)

Nokinhas disse...

O mesmo já n deverá dizer o Pessimista :)

Nokinhas disse...

Só pra te fazer a vontade... :)

Anónimo disse...

...já vi gajos rotos...

Pispis disse...

Estava a ler a entrevista e a imaginar o Figo a falar, tratando por tu os jornalistas :-)

Estas declarações deram-me vontade de te dar uma chicotada de pilau, António!

Um beijo para ti!

Tony Silva disse...

Aceito uma chicotada de pilau, mas só se for de lado. Nada explicitamente sexual. Apenas um sinal de comunhão entre dois amigos...
:)

Luis Antonio Figo!

Capi, já te ligo, para saber se tá tudo bem e se é preciso alguma coisa para amanhã.

Tony Silva disse...

Obrigado pela entrevista my friend!
Sempre atento :)

Anónimo disse...

«Estas declarações deram-me vontade de te dar uma chicotada de pilau, António!»

«Aceito uma chicotada de pilau, mas só se for de lado»

Tou ansioso por amanhã!

N tens de agradecer, my friend, o que me podes fazer é dar tb uma chicotada de pilau, mas de ladinho...

Impõe-se uma entrevista ao Capi! Promete declarações explosiva! :)

Anónimo disse...

sim senhor,grande entrevista.
és o maior...

Anónimo disse...

«assumo que há alturas em que eu, e outros, devíamos pensar duas vezes antes de dizer coisas que vão ferir um companheiro, não por serem mentiras ou por serem ditas com a intenção de magoar, mas porque vão mexer em feridas abertas.
Sei que uma palavra pode derrubar-te mais facilmente que um corte por trás.»



ALguem que me compreende..!! ele o mingues e o arnaldo.. ....

grande abraço pa...

Anónimo disse...

Brito arrisca a titularidade... :)

Tony Silva disse...

E deiam os parabéns ao Serginho!
Embora no BI esteja 15, ele diz que faz anos a 16.
Isto só pode ser aqueles casos em que a criança nasce e só no dia a seguir é registada.

No caso dele o pai devia estar com fezada e registou-o a 15, mas ele só nasceu a 16 :)

Tony Silva disse...

Crl Capi, és sempre a mesma merda!
Ninguém está a desrespeitar o adversário, simplesmente somos melhores do que eles por isso temos a obrigação de ganhar.
Aliás deviamos todos borrar a cara com merda se amanhã não ganharmos!

Anónimo disse...

Boas,
Antes de mais, peço desculpa, mas só tive oportunidade de ler a entrevista agora.
Devo dizer que ideia é excelente e que espero implementá-la no forum da ARSQS. Devo-vos felicitar pelas excelentes e merecidas vitórias nos Torneios "António Silva" e MyIndoor.
Foram justos e revelam que só perdemos em ambos (até hoje) com os campeões.
Queria salientar que os Bayern Monchique existem porque todos vós o compõem, mas tem sempre de haver um "cristo" que segura o barco, e esse é sem duvida o Tony.
Embora a ARSQS tenha muitas pessoas que a compõem, nunca são demais novas pessoas e o Tony seria bemvindo. Mas isso seria contra-natura. O Tony é o que é porque lidera um grupo, porque é a face dos Bayern.
Quero também dizer-vos que no passado sábado (10/11/2007) não gostei de ter perdido, como qualquer jogador não gosta. Mas, gostei muito do convivio que tivemos após o jogo. Onde ambas as equipas compartilharam situações engraçadas do antes, durante e após o jogo. É sem duvida com esse espirito que tenho prazer em "liderar" o grupo ARSQS e é com esse espirito que tenho prazer em que sejamos vossos amigos e espero que isso perdure no tempo.

Um abraço a todos, em especial ao Tony.

Carlos (ARSQS)

Tony Silva disse...

Entrevista ao Carlos!!!!!!
Impõem-se!
:)

Anónimo disse...

Um dos grandes méritos do Bayern é criar relações de respeito e admiração com os adversários. E isso vale mt mais que alguns troféus.

Entrevista?... N irias sentir o lugar em risco, my friend? :)